segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O sexo do artista

O artista não tem sexo.
Não se sabe se é homem ou mulher; homossexual ou heterossexual.
Sabe-se apenas o que ele pensa, porque assim o faz ao exteriorizar através da sua arte.
Entre quatro paredes o artista pinta, borda, esculpe, tece, escreve e canta com a alma. Não se sabe ao certo o que ele executa, apenas acreditamos que ele esteja se realizando.
A única certeza que temos do artista é que sua arte nos acrescenta algo nunca visto pela janela de nossa alma. Se é bom ou ruim, não sabemos.
O artista não tem sexo.
Não se sabe se é homem ou mulher; homossexual ou heterossexual.
Sabe-se apenas que ele é uma incógnita feliz.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Gesto Heróico (Mário Barreto França)

Lhes dou o prazer de ler essa belíssima poesia de Mário Barreto França, que emociona profundamente o meu avô que completou 71 anos no último dia 10.


GESTO HERÓICO


A sineta bateu, convocando o colégio.
A sala estava cheia... O diretor – egrégio
E antigo mestre – entrou.
Ninguém o reparara;
Falavam de uma falta enorme: alguém roubara
Da bolsa de um aluno a clássica merenda.
E o castigo era grande: - uma surra tremenda,
Vinte varadas!... Qual seria o desgraçado
Que iria suportar o braço desalmadoD
o velho diretor, aplicando o castigo?
Talvez fosse um colega ou um bedel antigo...

Havia tanta gente ali, humilde e pobre...
E a aparência, afinal, muita miséria encobre...
Enorme burburinho enchia toda a sala...
- Silêncio! – brada o mestre – Aqui ninguém mais fala.
Houve uma falta grave – um roubo. E é oportuno
Que eu fale claramente: esse tão mau aluno,
Que cometeu tal erro, há de pagar bem caro.
Bem caro, estão ouvindo?
E o que mais eu reparo
É ver que foi debalde o esforço de ensinar-vos
O caminho do bem, da retidão... Mostrar-vos
Que se deve vencer por força de vontade;
Que acima de qualquer febril necessidade
Se coloca o dever!... E eu vejo que as virtudes
Não orientam mais as vossas atitudes!...

O murmúrio aumentou; todos se entreolharam;
E numa singular atitude calaram,
Como para mostrar a força que os fazia
Solidários na dor, na culpa ou rebeldia...

Mas, num canto da sala, humilde, magro e pálido,
Levantou-se um menino. O seu aspecto esquálido
Bem claro demonstrava a miséria sem nome
Que lhe vidrava o olhar nas convulsões da fome.
E, num gesto de quem se vota a um sacrifício
- Como um santo a sorrir no instante do suplício -
Confessa: - Diretor, tinha uma fome cega
E por isso roubei o lanche do colega!
Fiz mal; ninguém tem culpa; é verdade o que digo!
Estou pronto, portanto, a sofrer o castigo...

E seguiu cabisbaixo em direção do estrado
Em que todo faltoso era sentenciado.

E o velho diretor lê o código interno:
“O aluno que roubar um lanche ou um caderno,
Nas costas, levará vinte fortes varadas.”
E, isso dizendo, despe as costas maceradas
Do pequeno réu...

Vibra o primeiro açoite...
Um gemido se ouviu como um grito na noite...
Outra pancada estala... As pernas do garoto
Começavam a tremer dentro do calção roto...
E o seu olhar voltado ao azul da imensidade
Parecia implorar um pouco de piedade...

E uma onda de horror, de revolta e protesto,
Brilhava em cada olhar, vibrava em cada gesto...
Nisto, um jovem robusto e com porte de rico
Ergueu-se resoluto e disse: - Eu vos suplico
Que permitais, senhor, que eu sofra o seu castigo!...
A merenda era minha e ele foi sempre amigo!...
Mas, se é lei, que se cumpra a lei!...
E, sobranceiro,
Seguiu para o lugar do pobre companheiro;
Tirou o paletó, curvou-se resignado
E deixou que o castigo em si fosse aplicado.
Quando soturnamente a última vergastada
Estalou, com um ai, na costa ensangüentada
Do inesperado herói, o pequeno poupado,
Soluçando, abraçou seu protetor amado;
Beijou-o humildemente e disse-lhe baixinho,
Num gesto fraternal e cheio de carinho:

- Foste o meu salvador, meu nobre e bom amigo,
Pois sofreste por mim as dores do castigo
Que mereci, bem sei, mas não o agüentaria,
Dada a minha profunda e crítica anemia...
Fui culpado de tudo e nunca o desejara...
Suplico-te: perdoa a minha ação ignara!...
Eu saberei ser grato ao bem que me fizeste,
Implorando ao Senhor a proteção celeste
Sobre ti e o teu lar, na certeza que o mundo
Será em tua vida um roseiral fecundo,
Pois onde eu me encontrar, exaltarei, estóico,
O sublime esplendor desse teu gesto heróico!...


***


Nós somos neste mundo uns míseros culpados:
Criminosos, infiéis e cheios de pecados...
Roubamos nosso irmão, o próximo enganamos,
Perseguimos o justo, o trânsfuga exaltamos,
E tudo o que é de mal fazemos sem piedade,
Para satisfazer nossa perversidade...

E quando a mão de Deus aplica, certo dia,
A justa punição à nossa rebeldia,
Jesus volta de novo ao cimo do Calvário
Para, por seu amor divino, extraordinário,
Receber em seu corpo os látegos e os cravos,
Destinados a nós, miseráveis escravos
Do pecado e do mal!

Por isso, ó Mestre amigo,
Que sofreste, perdoando, a dor do meu castigo,
Recebe o meu afeto humilde, mas sincero,
E a minha gratidão profunda, pois Te quero
Exaltar em meu ser e em toda a minha vida,
Nessa consagração de uma alma agradecida,
Que vê, no teu amor e em teu suplício estóico,
A glorificação de um sacrifício heróico!


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Transitividade e intransitividade

Alguns momentos da minha vida são intransitivos. Não andam para frente nem para trás.
Ficam parados à espera de um tipo de situação que possa me dar algum movimento.
Esse dia chegou.
Ultimamente, minha vida está bastante movimentada. Amor, estudo, família.
Mas qual desses tópicos ruma para uma transitividade negativa?
Se eu pudesse escolher, eu escolheria...Não escolheria!
Deixo a vida seguir seu rumo, talvez, quase certo, nada disso se ntorne negativo.
Assim espero!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Paleta de arte, herança de cores


O olhar da arte
Faz parte
De viver a vida
Sem medo de ser feliz
Por uma história lida
Em que se escapa por um triz

Um beijo de tinta
Com o coração na mão
Essa história pinta
Com a sempre certeza
De surgir uma imensa paixão
Que na ponta do lápis vira beleza


A aquarela do sonho sem fim
Desliza sobre a tela
Uma bela figura. Enfim,
O espaço colorido do amor
Deixa o cinza longe com a dor


Quando morrer
Deixo a todos, as cores
Em um jardim de flores
Que ao vê-las nascer
Vai enchê-los de paz
Pois é assim que se faz


A meu pai deixo o azul
Por sua tranquilidade
Plena como a luz
Que ilumina sempre
Toda aquela cidade


Para minha mãe ficará o vermelho
Força e amor de um longo relampejo
Que segue sempre em frente
Liso, lindo e rente


A meus irmãos fica o verde
Esperança tremenda
Que nunca perde
A beleza das cores vista por uma fenda

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A reconquista

Qual o próximo passo rumo à reconquista da confiança?
Todas as carta foram jogadas e não há mais o que fazer com esse áz que restou em minhas mãos.
Uma voz, bem longe, me diz que a carta que me restou é a oportunidade para uma nova cvhance de ser feliz e fazer os outros sentirem esse bonito sentimento, que em breve vai crescer em mim.
Aguardem resultados.

Enfim, algum resultado

E então, ao olhar para o documento em mãos e constatar a causa ganha, abriu um sorriso que quase não cabia em sua face e demonstrava claros sinais de esforço contínuo.
Colocou o documento em uma envelope e partiu, acompanhado, para o local em que sua condução o aguardava.
Comentários prazerosos e elogios intermináveis foram surgindo ao longo do caminho até sua residência. Os mais experientes, ao chegar, ficaram extremamente felizes ao receber a notícia da vitória.
Após deitar sua cabeça em um macio travesseiro, refletiu sobre toda a trajetória percorrida para, enfim, chegar à merecida vitória. Tudo é possível, basta acreditar e trabalhar para que isso tudo aconteça novamente.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Uma ilha de esperança num mar de mesmisses

O cansaço da rotina faz com que seis bilhões de pessoas desapareçam me deixando completamente só.
Não há mais animais, não há mais plantas e nem resultados.
Eis que lá longe, surge uma pontinha de esperança.
Terra à vista! Ou seria, mudanças a caminho!?
Uma ilha de esperança num mar de mesmisses, consequentemente, faz com que o barco fique em festa.
Mais uma vez chega a oportunidade de refazer e repensar sobre tudo, inclusive sobre o modo de vida, inútil e fácil, que eu estava levando.
Porque nem sempre o fácil é o certo.
Desde esse dia eu vivo nessa ilha de esperança e daqui a algum tempo, essa ilha vai se tornar um enorme continente habitado pelas seis bilhões de pessoas mais lindas!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Universo de sonhos


Ao abrir os olhos e sair do universo dos sonhos, aquela criança começa a reparar os detalhes que tem o mundo em que ela vive.
Repara que nem sempre as borboletas são insetos polinizadores e que essas mesmas criaturas são cpazes de pôr no mundo uma infinidade de outras criaturas. Cobras, elefantes, moscas, porcos.
Repara que a mais devastadora das mensagens é dita pelo olhar. Um olhar de desprezo, um olhar de amor, um olhar de surpresa, um olhar de decepção.
Repara que os sons mais altos que ouvimos, são aqueles que falam o coração. Um amor, uma admiração, uma aceitação, uma antipatização, uma repulsa.
Repara que o mais lindo gesto é feito pela alma. Um espelho, uma mulher, uma situação, serenidade, passividade, compaixão.
Repara que a pessoa que mais lhe faz falta é aquela que está a poucos metros de distância. Um pai ausente, uma mãe relapsa, irmãos alienados, avós esquecidos, tios indiferentes.
Repara que o real motivo de nossa gratidão, é o fato de podermos viver com saúde e paz.
Repara que o seu tempo de molecagem acabou e que agora só pode reparar as coisas da vida de um adulto, é claro que, sem se esquecer daquele maravilhoso universo dos sonhos.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Redenção


Tua pele me envolve
Me consumindo sem parar
Seus braços me resolvem
Tremendo todo o lugar

O mel da paixão
É doce e azedo ao mesmo tempo
Um suspiro sopetão
Disso, sempre, lembro

Os olhares se entrelaçam
Com faíscas e calor
muito longe, sem dor

As mão se cruzam
O beijo sela a situação
carícias, toques, redenção

(Pedro de Abreu)